O endividamento do brasileiro atingiu nível recorde. A dívida total das famílias no cartão de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos e imóveis, incluindo recursos do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), corresponde a 40% da massa anual de rendimentos do trabalho e dos benefícios pagos pela Previdência Social no país.
Em uma conta simples, equivale a dizer que se um trabalhador ganhasse R$ 100 em um ano, no final do ano ele pagaria R$ 40 só de dívidas. Isso é o que mostra um estudo da LCA Consultores divulgado na segunda-feira (27) pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Em dezembro de 2009, a dívida das famílias estava em R$ 485 bilhões. O valor subiu para R$ 524 bilhões em abril do ano passado e, em abril deste ano, atingiu R$ 653 bilhões.
Se do dia para noite os bancos e as financeiras decidissem cobrar a dívida total das pessoas físicas, isto é, juros e o empréstimo principal cada brasileiro teria de entregar o equivalente a 4,8 meses de rendimento para zerar as pendências.
Os cálculos levam em conta a estimativa da massa de rendimentos nacional, não apenas nas seis regiões metropolitanas.
Apesar dos ganhos de renda registrados nesse período, as dívidas abocanharam uma parcela cada vez maior dos rendimentos da população. Quase um ano e meio atrás, a dívida equivalia a 35% da renda anual ou 4,2 meses de rendimento. Em abril deste ano, subiu para 40% da renda ou 4,8 meses de rendimento.
O economista Wermeson França, responsável pelo estudo, afirma que uma junção de fatores levou à disparada do endividamento do consumidor. O pano de fundo foi o crescimento econômico registrado no ano passado, quando o PIB (Produto Interno Bruto ) cresceu 7,5%. Além disso, bancos e financeiras abriram as torneiras do crédito, com juros menores e prazos a perder de vista.
- Houve uma forte aceleração do endividamento.
Dados de outro estudo intitulado “Radiografia do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras”, da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), confirmam o avanço do endividamento do consumidor.
De janeiro a maio deste ano, mais de 6 em cada 10 (ou 64% do total) das famílias que vivem nas 27 capitais do país tinham dívidas. No mesmo período de 2010, essa porcentagem estava em 61% em igual período de 2010. O valor médio da dívida aumentou quase 18%, de R$ 1.298 mensais, entre janeiro e maio do ano passado, para R$ 1.527 mensais em igual período deste ano.